terça-feira, 16 de maio de 2017

Um passeio pelo jornalismo brasileiro


Cásper Líbero, um dos modernizadores da imprensa nacional, foi o responsável pela criação da primeira escola de jornalismo do Brasil, que agora faz 70 anos.

O primeiro curso de jornalismo do Brasil completou 70 anos em 16 de maio de 2017. Seguindo a orientação testamentária de Cásper Líbero, em 1947 foi criada uma escola de jornalismo, atual Faculdade Cásper Líbero, que funciona em um dos edifícios símbolos de São Paulo, o “prédio da Gazeta”, em plena Av. Paulista, palco de inúmeras manifestações populares, desde comemorações esportivas até os protestos políticos.

Atualmente, quando a categoria luta para reconquistar a necessidade de formação específica para o exercício profissional a preocupação de Cásper Líbero em criar um curso para qualificar o jornalista se reveste de uma importância simbólica, para além da importância histórica da data.
Infelizmente, a compreensão do empresário de que para oferecer informação de qualidade à população é necessário priorizar o jornalista parece não encontrar mais eco entre os atuais “donos da mídia”, que se esmeram em precarizar, mais o jornalismo do que em qualificá-lo.
Cásper Líbero nasceu em 2 de março de 1889 em Bragança Paulista, interior do estado, e faleceu em um acidente aéreo na Baía de Guanabara em 27 de agosto de 1943. Como era solteiro e não tinha herdeiros deixou firmado em testamento a criação de uma fundação para administrar seu legado. Assim, no ano seguinte à sua morte surgiu a Fundação Cásper Líbero, responsável pela gestão dos jornais, A Gazeta, A Gazeta Esportiva, a rádio Gazeta e a futura escola (em janeiro de 1970, continuando o trabalho de Cásper Líbero, a Fundação lançou a TV Gazeta). 
Outra característica própria de sua forma de fazer jornalismo foi a ligação do jornal com eventos públicos, onde, naturalmente, se destaca a realização da corrida de São Silvestre, tradicionalmente promovida pela Gazeta desde 1925. Este fato não deixa de ser uma atitude pioneira de marketing institucional, o que se tornou comum com o passar dos anos.
O jornalista participou da Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se rebelou contra o governo de Getúlio Vargas, motivo pelo qual está enterrado no obelisco do Ibirapuera, junto aos quatro estudantes mortos no dia 23 de maio. Após a derrota da revolta paulista, Cásper Líbero se exilou nos Estados Unidos por um período, o que o colocou em contato com as modernas técnicas do jornalismo norte-americano.
Desta forma, Cásper Líbero foi um dos responsáveis pela mudança na forma de fazer jornalismo no Brasil. Antes da aproximação com os EUA, o jornalismo nacional era profundamente influenciado pela imprensa francesa, onde a opinião era prioritária, sendo a informação parte do contexto mas subordinada pela posição política do jornal. Após a II Guerra Mundial o Brasil passou a adotar a diretriz de que a informação é a essência do jornal e a opinião restrita aos espaços editoriais ou dada por colunistas específicos.
A proximidade com as técnicas americanas de produção jornalística ficou clara em 1942 quando o U.S. Office Inter-American Affairs (Escritório de Assuntos Interamericanos) produziu um vídeo sobre a imprensa brasileira e escolheu como exemplo o jornal A Gazeta. Este documentário fazia parte do esforço de guerra dos EUA para atrair o Brasil para o lado dos aliados na II Guerra Mundial.
O filme (em inglês), além da importância histórica, apresenta um curioso passeio por uma antiga redação de jornal, completamente diferente das atuais.

VEJA AQUI O DOCUMENTÁRIO

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